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Monday, September 13, 2010

Liderança Cristã e Pós-Modernidade - Parte V


Da conversão profunda para o consumismo superficial.

A conseqüência mais óbvia e imediata desse enfraquecimento do desejo de se buscar a verdade para o prazer obsessivo da experiência, dá-se no âmbito da conversão.

O compromisso último dessa clientela religiosa é com a satisfação da sua necessidade, seja ela de ordem material, espiritual ou emocional. Busca-se a igreja para consumir o que ela tem para oferecer, como se entra numa loja para comprar aquilo que se precisa e se vai embora sem se deixar afetar por nada que essa loja represente. Assim se comporta essa freguesia religiosa. Consome oração, mas não se dispõe a orar. Consome alegria, mas não se dispõe a construir a alegria do outro. Consome Jesus, mas não se quer comprometer com seu caminho. Consome-se tudo, mas não se abre para a conversão. Transforman-se realidades espirituais em objeto de consumo existencial.

Esta perspectiva consumista se contrapõe ao conceito bíblico de conversão. A conversão traz para a vida de quem é atingido por ela, não somente uma experiência, mais uma relação com Deus, consigo e com o outro capaz de estruturar a vida. A conversão cristã e as implicações dela decorrentes formam o alicerce do ser humano. Esta é pelo menos a perspectiva cristã a cerca da existência humana. Quem busca a conversão nesses termos, encontra a solidez de um encontro.

Neste consumismo religioso, os consumidores são guiados por uma necessidade de satisfação egoísta exatamente análoga à do consumismo pós-moderno. Por ser assim, correm o mesmo risco da apatia e da indiferença religiosa. No fundo, estamos presenciando um deslocamento que vai do sólido para o frágil do concreto para o fugaz.

No compasso de espera próprio de quem se encontra no centro desse processo cultural chamado pós-modernidade, por isso mesmo com todas as dificuldades de estabelecer um juízo crítico de valor, aguardamos apreensivos, essa constituição de novos sujeitos e coletividades onde se dá a celebração da fé cristã.


Conclusão.

Embora o impacto da Pós-Modernidade na liturgia cristã tenha proporcionado alguns bens, tais como a flexibilização inclusiva, a dinamização da comunicação da Palavra, a autonomia do sujeito e sua postura como quem precisa receber algo – e esses bens devem ser aceitos e cultivados – o impacto negativo, por vezes, eclipsa estes avanços e precisa ser rejeitado, não descartando os elementos positivos, antes, os incorporando a fim de viabilizar com melhor eficácia a comunicação do Evangelho.

Na lógica da funcionalidade e do consumismo a prática litúrgica cristã (sobretudo de traço neopentecostal e carismático) tem se mostrado como uma relação entre consumidores e empreendedores. O lado positivo é que os dois são sujeitos, o dado inaceitável é que o produto-objeto desta relação comercial seja o próprio Deus e suas coisas.

Acredito que nosso papel enquanto líderes é principalmente o de recrutarmos outros líderes para uma visão (A Missão Integral da Igreja), e muito menos para assumirem cargos ou posições, mesmo considerando que as funções burocráticas sempre corroboram para todo o processo. A preparação contínua e eficaz destes líderes é um princípio para a garantia de que o trabalho sobreviverá ao choque da mudança de liderança, que volta e meia ocorre, e de que continuará produzindo mais e mais frutos. Esta mudança de liderança, também prevê a oportunidade de se observar a versatilidade e fidelidade de Deus na continuidade de sua obra.



REFERÊNCIA


Rocha, A. Impacto da Pós-Modernidade Disponível em: http://www.horizonal.com.br/editora/index.php?option=com_content&view=article&id=63:impacto-das-pos-modernidade-na-liturgia-crista&catid=44:lideranca-e-teologia&Itemid=74> – Acessado em 23/06/2010.

Liderança Cristã e Pós-Modernidade - Parte IV



Da busca da verdade para o desejo místico da experiência.

Vivemos hoje uma cultura da sensação onde é verdadeiro o que se sente, onde a emoção é a mola propulsora das relações. Em tempos de pós-modernidade o tom é dado pelo místico, experienciado concretamente na experiência.

Essa centralidade da experiência está estampada nas diversas denominações do cristianismo brasileiro (não só dele), sobretudo naquelas que assumem conscientemente os elementos de certa espiritualidade neopentecostal ou carismática.

Não é sem razão que a espiritualidade gestada nesses grupos/movimentos não contempla o silêncio e a meditação como alguns de seus elementos formadores. Os cultos acontecem à base de adrenalina, fazendo de seus participantes verdadeiros “indiana Jones da fé”, aventureiros ávidos por sensações.

Neste reino das emoções, o trono está reservado para a experiência mística (que se confunde, e faz confundir, com misticismo). Ela se torna não somente o alvo e o centro de toda a espiritualidade, como também um dos principias alicerces a partir dos quais toda essa clientela religiosa vive. A busca da experiência com o sobrenatural e a posse de certos códigos de linguagem, identifica esses movimentos tanto com o gnosticismo tardio, quanto com as religiões de mistério greco-romanas.

A própria escolha da comunidade que se vai “freqüentar”, passa pela capacidade que esta tem de satisfazer certo conjunto de anseios e demandas. O trânsito acelerado entre as mais diversas comunidades e grupos de oração é inevitável. Quando o poço das experiências vai se esvaziando, busca-se um outro ainda mais borbulhante. É como alguém que se sente num deserto, sofrendo a sequidão existencial, que vendo um oásis, abandona instintivamente o seu quase vazio cantil.

Busca-se desesperadamente a experiência coma verdade sem se preocupar muito com ela. Importa usufruir emocionalmente da verdade sem se comprometer com as implicações dela decorrentes, pois a experiência se torna a grande verdade.

REFERÊNCIA

Rocha, A. Impacto da Pós-Modernidade Disponível em: http://www.horizonal.com.br/editora/index.php?option=com_content&view=article&id=63:impacto-das-pos-modernidade-na-liturgia-crista&catid=44:lideranca-e-teologia&Itemid=74> – Acessado em 23/06/2010.

Friday, September 10, 2010

Liderança Cristã e Pós-Modernidade - Parte III


Um Novo Rosto Para a Igreja... Clientela ou Comunidade?

Essa condição ambígua em que a Igreja se encontra na pós-modernidade, além de gestar um novo sujeito religioso, por decorrência, gesta também uma outra forma de ser Igreja. Esse processo de gênese é, como já dissemos, ambíguo, mas também dialético. O pastor ou animador entregasse à performance como critério de avaliação de seu ministério, mas também a comunidade eclesial aspira pelo espetáculo fugaz.

Toda essa prática pastoral não pode ser entendida em sua profundidade senão se olhada desde a perspectiva do freqüentador da Igreja. ou por outras palavras, o púlpito deve ser visto também a partir do “banco da Igreja”.

Ao contemplarmos estas duas visões, percebemos um terrível processo de retroalimentação, no qual. Uma prática pastoral, motivada por uma lógica econômica de fundo, vai gerar uma clientela religiosa e não uma comunidade. Esta, por sua vez, vai alimentar aquela prática pastoral. Pretender determinar o que gerou este processo, seria mais ou menos retomar aquela discussão infantil, quanto, a saber, quem veio primeiro a galinha ou o ovo. Podemos dizer que essa prática pastoral e esta clientela religiosa são fenômenos concomitantes e estão inseparavelmente ligados desde sua origem.

Com o surgimento dessa clientela religiosa percebemos deslocamentos que se desenvolvem como se segue.


REFERÊNCIA

Rocha, A. Impacto da Pós-Modernidade Disponível em: http://www.horizonal.com.br/editora/index.php?option=com_content&view=article&id=63:impacto-das-pos-modernidade-na-liturgia-crista&catid=44:lideranca-e-teologia&Itemid=74> – Acessado em 23/06/2010.

Liderança Cristã e Pós-Modernidade - Parte I





Introdução

De acordo com J. O. Sanders, todos nós temos o dever de fazer o melhor que pudermos para Deus. Como vimos, nem todos somos chamados para ocuparmos posições proeminentes de liderança. Não obstante, todos somos líderes na medida em que exercemos alguma influência sobre as pessoas. Portanto, todos podemos, se quisermos, aumentar nosso potencial de liderança. Contudo, é preciso que nos esforcemos para descobrir e corrigir algumas fraquezas relativas a nossa liderança, e que cultivemos nossos pontos fortes.

Um dos desafios mais prementes àqueles que assumem o posto de liderança em algum ministério específico, é estar conectado a cultura local, conhecendo a sua história e as transformações pelos quais ela é submetida ao longo do tempo, como afirma Humberto M. Aragão : “não podemos, como líderes, estar desconectados da história de nosso povo, o qual dirigiremos pelo caminho que o ajude a amar Deus e sua própria terra e cultura” ( Aragão, p. 8).

De forma geral, a tendência da liderança evangélica no Brasil tem sido a de aversão a nossa cultura, preferindo manter distância em relação às coisas “mundanas”, demonizando-as, e adotando uma postura e mentalidade de gueto, o que denuncia todo o seu sectarismo religioso. A cultura evangélica tem sido uma cultura “alienígena”, isto é, uma cultura de estranhos dentro da cultura brasileira, com produtos e mercados consumidor próprios e restritos, criando uma lógica exclusivista, salvas raríssimas exceções.

Precisamos, como líderes, adotar uma nova postura, mentalidade e visão no que concerne a sociedade e a cultura em que vivemos, em relação ao povo a quem queremos servir, uma postura que reflita o nosso amor e não nossa arrogância e intolerância religiosa. A postura “radical”, advogada por tantos evangélicos, nada atrai senão mais barreiras para a aceitação do evangelho o qual pregamos. Por outro lado, a verdadeira postura radical ou “revolucionária”, de acordo com John Stott, é uma postura de humildade e amor, pois estes são valores contraditórios a lógica relacional do ser humano caído ( ver Cl. 3:17, 23).

Pós-Modernidade, então, é sujeito e objeto num processo dialético de construção da sociedade. É uma espécie de líquido amniótico que nutre a sociedade na gestação de novos valores, ou de novos posicionamentos frente a valores antigos. O que estaria incólume neste processo de construção e reconstrução cultural? Que instituição poderia se apresentar como supra-histórica a fim de reivindicar uma intocabilidade da cultura em seus valores e conceitos? Uma resposta séria, sob qualquer ponto de vista, deve ser que nenhuma instituição passa por uma virada cultural sem que seus conteúdos e formas sejam discutidos, remodelados, ou então, drasticamente modificados.

Nossa intenção ao constatar a amplitude de penetração social da Pós-Modernidade, não é de analisá-la nas diversas instituições que formam a sociedade, mas antes, de sedimentar nossa reflexão sobre uma instituição que historicamente pretenciona status de intocabilidade dado seu caráter e peculiaridade transcendentes. Nem mesmo tomaremos todos os elementos da religião em nossa análise, deter-nos-emos naquele que julgamos ser o reflexo evidente da teologia latente do cristianismo, a saber, a liturgia. Nossa tese, portanto, não toma a liturgia como mero conjunto de elementos celebrativos, mas como “realidade teologal e não apenas antropológica, social, histórica ou lingüística. Portanto, o fazer da ciência litúrgica é um fazer teológico: procura compreender, analisar, ordenar logicamente os dados da Revelação, reinterpretá-los a partir de cada novo momento ou situação histórica”.

Portanto ao falarmos de impacto da Pós-Modernidade sobre a liturgia cristã estamos, ao mesmo tempo, falando de um impacto sobre a própria teologia, que é em última análise, a forma como esta tradição religiosa se enxerga na sociedade em que se encontra. Falar da liturgia cristã na Pós-modernidade consiste, portanto, em olhar para as relações que as igrejas estabelecem com seus fiéis e vice-versa.

Historicamente o significado da liturgia advem da prestação de serviços; segundo Hermisten Maia P. Costa este significado passou por uma evolução em quatro etapas: liturgia como serviço prestado voluntariamente à pátria, serviço obrigatório ao Estado, serviços de qualquer natureza e, por fim serviço religioso prestado por sacerdotes a divindades. É-nos possível dizer, a partir da própria história da liturgia, que sua lógica subjacente é a prestação de serviço. O que nos propomos então é esclarecer como a Pós-Modernidade influenciou esta prestação. Isto é, como o deslocamento do eixo Teocêntrico para o Antropocêntrico influenciou na mudança de sujeitos no processo litúrgico.

Buscaremos evidenciar nossa tese propondo que a quarta etapa do processo de evolução da liturgia (serviço religioso) acompanhou o deslocamento do eixo acima citado. Com isto a liturgia que antes era serviço prestado a Deus, agora é serviço que Ele presta aos homens por intermédio das igrejas. Para evidenciarmos esta mudança tomaremos duas características da Pós-Modernidade que se encontram fortemente presentes na liturgia cristã, quer das igrejas neopentecostais (que não sofreram impacto da Pós-Modernidade, pois são “filhas” dela), quer das históricas tradicionais ou pentecostais. Estas características são a mercantilização (fora do mercado não há salvação) e, a funcionalidade como critério teológico que alimenta a lógica do consumismo.


REFERÊNCIA

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