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Thursday, March 6, 2008

O Cristão e a Filosofia - Lições do Passado. O Valor e a tarefa da Filosofia na Religião Cristã


O perigo de declarar uma corrente filosófica como única verdade, está no fato de surgimento de idéias significativas, surgindo em revelia ao pensamento adotado, que deverão ser consideradas como verdadeiras, o que poderão levar-nos a ter que descartar evidências antes reconhecidas, ou abrir mão daquilo que consideramos incontestável, diminuindo sua glória ou credibilidade; No século XIV, quando Kierkegaard discordou das idéias predominantes de seu tempo, percebendo falhas ao se atribuir tudo ao sobrenatural; hoje, o cristão deve adotar uma postura crítica mediante as diversas fontes que têm acesso, objetivando a não repetição de antigos erros; sendo a filosofia fruto de especulação humana, deixa a desejar na compreensão de todas as questões do dia-a-dia, e nem todas as suas respostas são infalíveis ou inabaláveis, portanto, ter o cuidado de considerar qualquer ideologia filosófica reserva-nos de abrir lacunas, onde poderíamos ser surpreendidos ou contestados. Um bom exemplo encontramos na Idade Média, quando o homem dirigido por conceitos religiosos, considerava o Sistema Planetário Geocêntrico, do Astrônomo Matemático e Geógrafo Cláudio Ptolomeu (Séc. II) afirmando que a Terra era o Astro Principal, em torno da qual girava todos os outros astros, tornando essa hipótese um verdadeiro tabu, a medida que o Astrônomo Polonês Nicolau Copérnico (1473~1543) sugerindo seu sistema cosmológico, oposto a então predominante teoria ptolemaica, houve grande alvoroço na sociedade científica e religiosa, chegando ao extremo do Astrônomo Polonês ter que desmentir mediante uma corte suas especulações, sob a ameaça de excomungação e possível morte, o que depois de comprovada a veracidade de Copérnico e o equívoco de Ptolomeu, deu-se um grande fiasco, que até hoje algumas classes tentam se redimir pela injustiça aplicada ao polonês da teoria heliocêntrica; hoje tratamos como absurda a possibilidade de considerar as hipóteses de Ptolomeu.
Do mesmo modo, tendemos a cair em um precipício de malogro, quando declaramos infalível determinada corrente filosófica, pois assim fazendo, estaremos reduzindo à grandeza do evangelho as mesmas condições e limitações deste sistema sendo compelidos a adequar o evangelho em prol da verdade filosófica fazendo com que a fé assuma os mesmos atributos de especulação humana. Cair na tentação ou ser seduzido por uma ou outra corrente filosófica, permite-nos cometer erros primários, e como um pássaro faminto por saciar suas necessidades vitais, cairemos em armadilhas eternas. Ser prático é constituição da natureza humana, nunca se conformando com suas dúvidas ou acomodando-se na ignorância, pois os que não agem dessa forma tendem a ser subjugados ou simplesmente deixam de experimentar direitos a ele pertencentes. Platão, em seu livro A República, Expões uma alegoria interessante acerca da natureza humana; conta a história que havia em determinado lugar um povo mantido constantemente acorrentados, dentro de uma caverna com as costas para a abertura da gruta; tudo que eles sabiam e conheciam, lhes era passado pelas sombras refletidas na parede daquele lugar onde se encontravam; contudo, um desses conseguiu ver-se livre das amarras que o prendia, e estando livre, foi de encontro a luz que entrava na caverna, e acontecendo deste ter chegado a saída da gruta, seus olhos doeram por contemplar pela primeira vez a luz, que ao ser refletida pelas formas que se encontravam no exterior do seu mundo deram-lhe sensações que nunca antes sentira, percebeu coisas que nunca percebera, admirado, voltou aos seus e contou-lhes toda a novidade que tivera a oportunidade de conhecer, e para sua surpresa, foi chamado de louco, e que o mundo real era este mundo em que viviam. Retomando nossa nau, este é o perigo de sermos unilaterais, por vermos a infalibilidade na linha de pensamento que adotamos; mesmo ouvindo a verdade preferiremos permanecer na nossa verdade, sem ao menos nos preocuparmos de analisar o que nos fora dito, enxergando mais soluções no pensamento que adotamos, do que realmente ele possua, daremos mais glória do que na realidade ele venha possuir, e o pior, se adequará o cristianismo a esta falsa glória. Óbvio que a filosofia possua qualidades úteis ao cristão. Somos levados a repensar os ditames da fé e a reavaliar nossa posição diante de Deus. Enfim, será o resultado do equilíbrio mediante uma atitude meticulosa e cristã, para que diante de todas as tendências hoje oferecidas, possamos proceder como se aconselha em 1º Tessalonicenses 5:21: “Julgai todas as coisas, retendes o que é bom”.
A Teologia Natural, independente das repulsas, ganha a simpatia de determinadas pessoas; os argumentos racionalistas, embora sejam considerados, não apresenta qualquer risco; segundo o autor, Deus não precisa de apoio de argumentos dúbios em sua defesa, nem haverá uma colaboração à fé cristã no uso de tais argumentos, pois o uso de hipóteses infundadas como estas nada contribuíram com o evangelho em tempo algum, antes o obscureceu junto com a filosofia a ele associada. Transformar o criador a imagem da criatura parece tentador, contudo, esse esforço humano por inúmeras vezes tem-se demonstrado insuficiente e falho. O fato das afirmações da Teologia Natural ser limitada, não implica dizer que não são válidas, nem que o homem não possua qualquer conhecimento de Deus extra-evangelho. o antagonismo das duas linhas de pensamento erram no extremismo:

“Deus se entende e se conhece pela criação”.
“A criação não possui qualquer referência de Deus, se não a for revelada pelas escrituras”.

A consciência do Divino independe de viver ou ouvir o evangelho, diferente da experiência do novo nascimento, onde, pelo Espírito, somos levados a conhecê-Lo mais intimamente; esta intimidade com o Deus da palavra, se dá mediante o temor que temos por Ele (Sl 25:14), o que nada lembra da percepção geral de Deus, onde reconhecemos a existência do ser divino, contudo não participamos do seu concerto, o que de modo algum exime o homem da culpa, pelo contrário, essa consciência do sagrado associada a revelação da mensagem divina é que decide a questão da culpa humana em continuamente desviar-se de Deus.
Essa consciência do sagrado, revela-se nas artes, literaturas e experiências, é um aspecto rudimentar, no que podemos fazer a analogia de um diamante bruto, que mesmo possuindo todas as qualidades, não é bem definido, não possui o apelativo da revelação cristã, é limitado e provável a não possuir uma conexão com uma mais simples prova. Com isso vemos o surgimento e a permanência de novas e antigas lacunas, ou perguntas que não podem ser respondidas, se não houver um exemplo, por estarem numa posição acima do que é compreendido naturalmente. Reconhecer as afirmações acima, não é curvar-se a supremacia bíblica, até porque esta não esclarece tudo, nem sobre Deus, nem sobre a criação, apenas traz-nos o conhecimento necessário para uma melhor compreensão do significado da vida como um todo. Afirmar isto não é tirar o mérito divino de oráculo, ou difamar a ciência como vaga ou incompleta, mas argumentar sobre a conjectura antecipada do naturalismo. Pressuposição, seja de qual for a linhagem, não são idéias inventadas, é posta a prova mediante o que está edificada sobre ela, podendo ser descartadas se mostrarem-se insuficientes na sustentação de suas criações. Um exemplo disso, é a pressuposição criacionista, contudo, a experiência do novo nascimento não é teoria, pois é comprovado pelo que o cristão experimenta na prática. É nesta conjunção (Experiência + Interpretação Cristã = ?) que ocorre o encontro com Deus (Experiência + Interpretação Cristã = Revelação ), que conhecemos como Revelação. O Evangelho, não deve andar de muletas, ou sempre esperar que alguém o segure pela mão; o genuíno evangelho não depende de idéias exteriores, mas de convicção mediante a revelação. Ou assumimos a posição investigativa, a fim de abalizar nossas estruturas em algo sólido, ou seremos forçados a abandonar toda nossa frágil convicção. O texto sagrado assumi a responsabilidade de nos mostrar a conduta certa a ser tomada em determinadas situações que a vida no impõe.
Apesar de muito parecer desarmonioso, a filosofia tem funções indispensáveis à religião cristã. Serve como uma bússola; o credo imposto na Idade Média, possui em si a essência do que a fé tem tentado dizer aos que não a aceitam; a necessidade de não depender de uma pesquisa exterior, apesar de incômoda, é a alma da filosofa da religião, ela depende de um auto-enxame para se mostrar veraz. É nisto que pesa a diferença, só o crer nos condiciona a entender o que os naturais questionam. O fato da auto-análise questiona o cristão a rever em qual pilar está abalizado sua crença em Deus, como já fora dito, Não se faz necessário o uso de fontes dúbias; podemos a tratar como um contra peso para o crer, pois, tem o poder de por em análise toda gama de convicções cristãs, e assim sendo, depois de provada a veracidade dos fatos, os pilares passam de subjetivos à concretos!

1. Do ponto de vista filosófico, o Estudo da religião, adota uma propriedade de mais um pensamento ou conjectura humana, não possuindo nenhum relacionamento com o sobrenatural, e sim com a necessidade manifesta pelo homem social. Já do ponto de vista Teológico, o peso atribuído ao Estudo da religião, é a de um aperfeiçoamento sistemático para com a palavra estudada, e do próprio Deus da Palavra.
2. Diante do exposto acima, concluímos que certos cuidados devem ser tomados em relação à filosofia, entre eles, podemos relacionar:
· Deixar de lado a unilateralidade, ou seja, em adotar um só grupo de idéias;
· Não adequar a verdade do evangelho a uma novidade filosófica;
· Deixar o extremismo;
· Ser crítico e meticuloso ao analisar qualquer sugestão filosófica;

3. A filosofia é para o teólogo, o mesmo que os óculos são para um míope; este, mesmo estando em local iluminado, necessita de um instrumento adequado ao seu grau de dificuldade. O Teólogo, mesmo estando embaixo da luz da palavra, necessita inteirar-se das correntes filosóficas a fim de adquiri um respaldo mais conciso e preciso daquilo que ele prega; assim fazendo, tanto ele quanto os que o ouvem terão mais oportunidade de repensar seu posicionamento. É o contra peso do Balão.

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