Após publicação da Postagem "Orgulho da Desobediância", Tivemos a visita de um ilustre leitor, que por sinal também é blogueiro, que veio opor-se ao que estava escrito; isso resultou em uma acalorado, porém proveitoso debate, que resultou num desfecho que gostaria de partilhar com todos os leitores do Protesto Cristão.
Como eu havia prometido ontem, aqui está o meu comentário sobre o seu texto sobre o “orgulho da desobediência”:
Seu texto fala, como se nota, do “orgulho gay”, demonstrado no dia do “orgulho gay”. Visto que o ser gay é encarado pelos cristãos como uma desobediência, este dia de orgulho gay pode ser chamado pelos cristãos de dia de orgulho da desobediência. Isso parece até uma fórmula matemática 1+1=2. Mas, tratando-se de seres humanos, devemos pensar em termos filosóficos, e não matemáticos.
Você reconhece que esse tipo de pensamento esboçado no seu texto “já está bem superado pelos que assim fazem”, é verdade, está mesmo. Mas digo também que, mesmo pelos que não “fazem” tal passeata, já está caindo em “superação”. É claro que todos os pontos de vista devem ser respeitados, isso é constitucional. O pensamento de que a homossexualidade é abominável aos olhos de Deus é um pensamento que pode ser crido e sustentado por quantos possam crer nisso. O que não devemos fazer é inferir que esse pensamento (simples pensamento no mais restrito sentido da palavra) deva ser universalizado e imposto legalmente. Esse tipo de pensamento é um equivalente perfeito ao pensamento de racismo pregado por muitos grupos considerados ilegais, isto é, o pensamento ou ideologia pode até existir e ser crido, mas jamais legalizado ou universalizado, pois não possui base racional, científico.
Eu não sou homossexual e nem a favor de que homossexuais interfiram na religião, no sentido de impô-las a legitimidade de sua união marital. Nada que é ideológico deve por direito sofrer sanções legais no sentido de mudanças, exceto quando tais ideologias provocam danos sociais a outrem. Portanto, se uma religião que abomina a homossexualidade não deseja casar homossexuais em seus púlpitos, a lei não pode jamais interferir nisso legitimamente. No entanto, com o Estado, laico, deve acontecer justamente o contrário: não deve e não pode sofrer interferências religiosas, ideológicas, sectárias, pois é formado por todos, inclusive indivíduos que não seguem tais ideologias.
O Estado não deve reconhecer esse tipo de “naturalidade” pregada pelas religiões cristãs como premissa válida para taxar a homossexualidade como “desnatural”. Por que isso? Porque, queiramos ou não, a homossexualidade é sim um fenômeno natural, falando em termos científicos, biológicos. Perguntemo-nos, por exemplo: o que é algo natural? Para a ciência, natural é tudo que é fisiológico. A interpretação cristã de naturalidade se confunde com o que é certo, ou aprovado por Deus, o deus dos israelitas conforme demonstrado nas Escrituras hebraicas. Lembrem-se que Jesus, o fundador do Cristianismo, era um judeu por naturalidade e religião; também o eram todos os apóstolos e díscipulos dele que tanscorreram sobre a homossexualidade nas Escrituras gregas do Cristianismo.
Eu sempre costumo dizer que “tudo quanto seja fisiológico é natural; se algo não for fisiológico, ou é cultural ou é de plástico”. Essa minha afirmação notável tem certo sentido, principalmente nessa questão da homossexualidade. Ora, os homossexuais, as relações entre eles, se dão num nível fisiológico ou num nível artificial? Exceto aqueles que se relacionam com vibradores ou com “bonecas infláveis”, todos se relacionam fisiologicamente.
Os defensores da “naturalidade” cristã se referem ao fator macho e fêmea de toda espécie. Isso pode ter fundamentação! Mas, como sabemos, os seres humanos não seguem realmente a naturalidade seguida instintivamente pelos demais seres do Reino Animal. Além disso, essa defesa da naturalidade utilizando o par oposto “macho/fêmea” não é completamente seguida por tais defensores. Em que questões não seguem? Os ditames religiosos do que é certo ou errado quebram essa argumentação. Eles só seguem a argumentação até onde esta não fere os seus ditames. Por exemplo, visto que um genro e uma nora estão no padrão “macho/fêmea”, as relações entre eles são, conforme o argumento acima, naturais. Mas o livro bíblico de Levítico, que apresenta alguns ditames da lei de Deus aos israelitas, diz: “E quando um homem se deita com a sua nora, sem falta, ambos devem ser mortos. Cometeram uma violação daquilo que é natural.” (capítulo 20, versículo 12) Notem que se diz que a relação “genro/nora” não é considerada natural. Como sabemos que este “natural” deste caso é aquele natural da questão “macho/fêmea”? Porque o mesmo capítulo de Levítico, no versículo seguinte (o versículo 13) narra a condenação da homossexualidade, como algo “detestável”, colocando, portanto, a questão “natural” no mesmo contexto.
Não podemos negar que esta noção bíblica de “naturalidade” é equivocada, e que faz parte de uma construção cultural ao invés de uma construção de “naturalidade” conforme o faz a Biologia. O apóstolo Paulo, por exemplo, disse: “Não permito que a mulher ensine ou exerça autoridade sobre o homem, mas que esteja em silêncio. Porque Adão foi formado primeiro, depois Eva.” (1 Timóteo 2: 12, 13) Queiram notar que a submissão feminina é “naturalizada” pelo mesmo argumento supostamente científico de “naturalidade”, isto é, visto que Eva foi criada depois de Adão, logo é natural, é da natureza, que seja submissa a mulher. Mas será que não seria aquela noção paulina de “naturalidade” uma noção cultural dos israelitas, uma nação patriarcal?
Já em 1 Coríntios, o apóstolo Paulo continua com suas afirmações interessantes, que são úteis a nós na questão da “naturalidade”. No capítulo 11, versículos 13 a 15, ele reflete: “Julgai por vós mesmos: É próprio para uma mulher orar a Deus de cabeça descoberta? Não ensina a própria natureza que, se um homem tiver cabelo comprido, é uma desonra para ele; mas, se a mulher tiver cabelo comprido, é uma glória para ela?” Queiram notar a expressão “ensina a própria natureza”. Onde a natureza ensina tal coisa? Ora, o que a natureza ensina é que, caso não forem cortados ou parados, tanto os cabelos de homens ou de mulheres crescem na mesma proporção. Aqui, novamente, o apóstolo Paulo cita uma questão culturalmente construída para argumentar, naturalizando, uma regra social.
Por que eu dei esses exemplos bíblicos de naturalização de preceitos culturais aqui no nosso debate? Porque isso demonstra que a questão de que algo é “natural” ou não, quando se fala em seres humanos, não é igual a quando se fala dos animais. Isso é relativo e deve ser relativizado. Voltando aos exemplos, como explicaríamos a algum israelita que ele ter relações sexuais com sua nora é natural (no sentido fisiológico), se ele entende por natural aquilo que é dito na sua lei religiosa? Onde quero chegar? Bem, que não podemos jamais usar o argumento de naturalidade “macho/fêmea” para “desnaturalizar”, religiosamente, a homossexualidade. Isso só pode ser feito entre aqueles que acreditam na ideologia cristã, nada mais. Logo, visto não existir tal ideologia de forma uniforme em toda a socieadade, o casamento entre homossexuais deve ser legalizado na forma civil, mas negado (e até mesmo abominado, se assim o desejarem e julgarem justo) na forma religiosa. Na forma religiosa cristã, é bom lembrar!
(Marcondes Lucena)
Achar natural eh uma coisa, fazer e apoiar eh outra…
o fato de a pessoa achar a zoofilia e a pedofilia e a necrofilia, ou seja lah o q for, como natural fisiologicamente, de origem na própria psqué, naum signififica q esses comportamentos devem ser apoiados… muitas coisas q saumn fisiológicas devem ser rejeitadas. nós usamos os fatores culturais pragmáticos como pedra de toque, pois nem tudo eh somente fisiológico e nem tudo eh somente sociologico…
a percepção de q as coisas naturais realmente possem origem fisiológica eh mais um motivo pra nos apegarmos aos fatores sociológicos de forma não-dogmática…
o erro mesmo eh pensar q os fatores culturais saum naturais a priori, qd naum o saum, e produzem apenas alienações…
“Aconselho que antes de falar sobre Deus, procure um literatura que possa auxilia-lo a entender a bíblia”
Comentário vaidoso, comum aos cristãos que tentam rebater argumentos contra a fé por desvirtuar o conhecimento dos oponentes!
Seu comentário não vai além de uma exposição de FÉ, nada mais. É por isso que as leis devem estar livres de sectarismos, justamente por esse motivo, dos sectarismos se basearem apenas numa fé cega. Se um homem é salvo de um afogamento por passar três dias no ventre de um peixe, é verdade; se um peixe é salvo de um afogamento por passar três dias no ventre de um homem, também é verdade; e, por último, se alguém é um ser abominável por ser homossexual, também é verdade! Isso é indiscutível e ponto final, é uma fé cega!
Como a sociedade pode se basear em princípios cegos, em coisas que não são válidos para todos? Isso de universalisar ilusões pessoais é algo a ser evitado. Veja que esse princípio se aplica a todos os lados, não somente dos religiosos; de modo que, se os gays se metessem na religião, isso também seria prejudicial.
Se você deseja aceitar o fato de que o Cristianismo não é imparcial, a decisão é sua. Não me importo com as decisões de outrem, desde que elas não interfiram negativamente na sociedade. Mas eu sempre contestarei os horrores pregados pelos cristãos, quer eles gostem quer não, pois isso indubitavelmente atinge a sociedade. Eu já perdi a conta de relatos recolhidos sobre jovens com problemas psicológicos devido ao ostracismo proveniente do Cristianismo. Esse ostracismo explica o porquê de muitos homossexuais viverem de modo heterossexual (enganando-se a si mesmos), alguns até mesmo virando pastores, padres ou outros líderes religiosos quaisquer. Existem até mesmo relatos de alguns desses jovens que chegaram a se suicidar. Os pais desses jovens colheram o que plantaram: perderam seus filhos em troca das ilusões dessa seita milenar!
Eu me sinto muito feliz de atualmente pertencer ao amorismo universal. Eu posso dizer que sou livre: liberdade para amar sem limites. Quem ama somente até certo ponto não conhece o verdadeiro amorismo, pois este é incondicional e nos ensina a se achegar ao verdadeiro Deus, o Desconhecido, e não este que, para não ser reconhecido como “humano” se diz não seguidor da “ética” humana. Baruch Espinoza realmente criou um bom subterfúgio pessoal para a sua ambivalência teórica da fé que o ensinaram. É uma pena que trata-se apenas de um subterfúgio!
“Antropopatismo, Antropomorfismo”… Palavras bonitas, não?? Será mesmo que o Desconhecido pode ser limitado em tais termos? Muito dependerá de nossa fé… Mas vale lembrar o seguinte: tudo está na nossa fé (na nossa mente) e não na realidade (Deus)!
Você esqueceu de citar 5.000 pessoas que comeram do mesmo 5 pães e 2 peixinhos, do machado que flutuou, do mar que se abriu…
Não é maravilhoso! um Deus que faz milagres e morre por aqueles que o ama?! Esse Deus te ama, mesmo você preferindo esse deus estranho que nem mesmo você conhece.
Qual o horror que como cristão prego neste Blogue? que o homem respeite os mandamentos de Deus e decidam por aquilo que Deus estabeleceu?
Não se esqueça que os cristãos fazem parte da sociedade que você pensa estar defendendo; logo se os valores cristãos não são bons para tal sociedade, seremos também exterminados da mesma por não seguirmos o padrão social? pois ao que parece já estão querendo fazer isso com a Bíblia, regra de fé desses cristãos terroristas que você aponta.
Realmente o Cristianismo toma partido, como já falei em outro comentário, defendemos os interesses de Deus expressos na Bíblia, não os interesses Humanos, pois sabemos que só seremos amigos desse Deus se o amarmos acima de todas as coisas.
Não é só a Bíblia que admite a degeneração da raça humana, temos um vasto material, tanto em livros como em filmes que retratam como o homem tem a tendência ímpar para auto destruição.
Acho que desta vez, realmente ficou bem explícito nosso posicionamento, e declaro que não há mais motivos para prolongarmos este debate.
Fica na Paz de Deus!
Estou orando por teu sucesso sobre a busca do Deus verdadeiro.
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