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Sunday, February 7, 2010

Pragmatismo: Igrejas promovem vale-tudo para conectar-se com os jovens


The New York Times
R.M. Schneiderman

Em Memphis (EUA)

Em uma sala de ensaio do teatro da rua Beale, o pastor John Renken, 42, recentemente puxou uma oração com um grupo de jovens: "Agradecemos por esta noite. Que seja uma representação do Senhor".

Uma hora depois, um membro de seu rebanho que havia baixado a cabeça em sinal de respeito estava dando uma chuva de socos em um oponente. As orientações de Renken não eram exatamente delicadas.

  • Fred R. Conrad/The New York Times

    Diego Sanchez, lutador de artes cristãs de Memphis, Tennessee, em dezembro de 2009, durante apresentação de lutas marciais. Várias igrejas evangélicas do estado tem promovido eventos de luta para trair novos adeptos nos Estados Unidos

"Golpeie com força!", gritava ao lado de um ringue de um evento de artes marciais chamado Gaiola de Ataques. "Termine a luta! Vai na cabeça! Na cabeça!"

O jovem era membro de uma equipe de luta do Ministério Extremo, uma pequena igreja próxima a Nashville que serve também de academia de artes marciais. Renken, que fundou a igreja e a academia também é técnico da equipe. O lema da escola é "Onde os pés, os pulsos e a fé colidem".

O ministério de Renken faz parte de uma parcela pequena mas crescente de igrejas evangélicas que adotam o vale-tudo -um esporte com fama de violência e sangue que combina vários estilos de luta- para alcançar e converter jovens, cujas participação na igreja tem sido persistentemente baixa. Os eventos de vale tudo atraíram milhões de telespectadores; um deles foi o maior evento pay-per-view de 2009.

O recrutamento nessas igrejas, predominantemente brancas, envolve reuniões para assistir lutas na televisão e palestras que usam os combates para explicar como Cristo lutou pelo que acreditava. Outros ministros vão mais longe, sediando ou participando de eventos ao vivo.

O objetivo, segundo esses pastores, é injetar masculinidade em seus ministérios -e na imagem de Jesus- na esperança de tornar o cristianismo mais atraente. "Amor e compaixão, concordamos com essas coisas também. Mas o que me fez encontrar Cristo foi que Jesus era um lutador", disse Brandon Beals, 37, pastor da igreja Canyon Creek no subúrbio de Seattle.

O esforço faz parte de um programa mais amplo e mais antigo de alguns ministros que temem que suas igrejas tornaram-se femininas demais, promovendo a gentileza e a compaixão à custa da força e da responsabilidade.

"O homem deve ser o líder do lar. Criamos uma geração de menininhos", disse Ryan Dobson, 39, pastor e fã do vale tudo que é filho de James C. Dobson, fundador do grupo evangélico proeminente "Foco na Família".

Esses pastores dizem que o casamento da fé com o combate tem a intenção de promover os valores cristãos, citando versos como "trave a boa luta da fé", Timóteo 6:12.

Muitos estimam que o número de igrejas que estão adotando as artes marciais está em torno de 700, de um total de 115.000 igrejas evangélicas brancas nos EUA. O esporte é considerado uma ferramenta legítima para alcançar os jovens pela Associação Nacional de Evangélicos, que representa mais de 45.000 igrejas.

  • Fred R. Conrad/The New York Times

    Leonard Lane(esquerda) lutando no teatro de Memphis, em Dezembro de 2009, estimulado pela Xtreme Ministries, uma igreja que funciona também como academia de artes marciais nos fundos de um teatro da Beale Street

"Existem muitos jovens perturbados que cresceram sem pais e estão vagando sem esperança. Eles próprios também são péssimos pais, perdidos", disse Paul Robie, 54, pastor da igreja comunitária de South Main em Dhackerer, Utah.

A luta como metáfora faz sentido para alguns jovens.

"Estou lutando para fornecer uma qualidade de vida melhor para minha família e dar-lhe coisas que eu não tive quando era pequeno", disse Mike Thompson, 32, ex-membro de gangue e estudante de Renken que até recentemente era desempregado e hoje luta com o apelido de "A Fúria".

"Quando aceitei Cristo em minha vida, compreendi que uma pessoa pode lutar pelo bem", disse Thompson.

Igrejas evangélicas sem denominação têm uma longa história de usar a cultura popular -rock, skate e até ioga- para atingir novos seguidores. Ainda assim, mesmo entre as seitas mais experimentais, o vale tudo têm críticos.

"Aquilo que você usa para atrair as pessoas para Cristo também será aquilo que você vai precisar para manter as pessoas", disse Eugene Cho, 39, pastor da igreja Quest, uma congregação evangélica em Seattle. "Eu não vivo pelo Jesus que come carne vermelha, bebe cerveja e bate em outros homens."

Robert Brady, 49, vice-presidente executivo de um grupo evangélico conservador concordou, dizendo que a mistura do vale tudo com o evangelismo "tira tão facilmente o verdadeiro foco da igreja que é o gospel (evangelho)".

Há quase uma década, o vale tudo era considerado um esporte sangrento, sem regras ou regulamentos. Foi proibido em quase todos os Estados e criticado por políticos como o senador republicano do Arizona John McCain.

Nos últimos cinco anos, contudo, graças a um inteligente marketing do Ultimate Fighting Championship, a principal marca do esporte, o vale tudo se tornou comum. Hoje, é legal e regulamentado em 42 estados.

Seus defensores apontam para um estudo da Universidade Johns Hopkins mostrando que os participantes das lutas sofrem menos nocautes do que os lutadores de boxe.

No último ano e meio, uma sub-cultura evoluiu, com os cristãos das artes marciais vestindo marcas como "Jesus didn't tap" e redes sociais cristãs como a anointedfighter. com.

Cerca de 100 homens, muitos tatuados e de cabeça raspada, participam das festas de lutas em Canyon Creek, assistindo combates em quatro grandes televisões da igreja. Há vendedores de cachorro-quente e de camisetas com a frase "Predestinado a Lutar".

Metade dos que estão ali não são membros da igreja, mas vieram por meio de amigos, disse Beals, conhecido como o pastor da luta.

Os homens de 18 a 34 anos estão ausentes das igrejas, disseram os pastores, porque as igrejas se tornaram mais cômodas para mulheres e crianças.

"Crescemos em igreja de tons pastéis. Os homens caíam no sono", disse Tom Skiles, 37, pastor da igreja Spirit of St. Louis em Montana.

Ao se focar na dureza de Cristo, os líderes evangélicos estão voltando a um movimento similar do início do século passado, dizem os historiadores, quando as mulheres começaram a entrar para força de trabalho. Os proponentes desse cristianismo muscular defendiam o levantamento de peso e outros esportes como forma de expressarem sua masculinidade.

"Toda essa geração foi criada com a idéia que estão em uma guerra pelo coração e alma dos EUA", disse Stephen Prothero, professor de religião da diversidade Boston.

Paul Burress, capelão e técnico de luta da igreja Batista Victory, em Rochester, disse que o vale tudo dera a seus alunos uma chance de trabalhar de corpo, alma e espírito. "Ganhando ou perdendo, representamos Jesus", disse ele. "E vencemos na maior parte das vezes."

Contudo, na noite fria de Memphis, Renken, o pastor dos Ministérios Extremos, assistiu a dois de seus três lutadores apanhando, um quebrando o tornozelo.

O outro, Jesse Johnson, 20, potencial convertido, foi dominado pelo pescoço e decidiu não voltar para casa com os outros membros da igreja. Ele ficou em Memphis bebendo e estejando com amigos ao longo da rua Beale, ponto agitado e cheio de neons da cidade.

Tradução: Deborah Weinberg
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Bizarrices da Igreja Renascer em Cristo

A atmosfera estava elétrica na igreja Renascer em Cristo na noite de “Extreme Fight”. Seguidores da igreja vestiam jeans e tênis, muitos com bonés virados para trás, e se alinhavam num ringue de boxe temporário para aplaudir lutadores de jiu-jitsu de peitos desnudos.

Eles gritavam quando o favorito dos fãs, Fabio Buca, resistiu ao seu oponente após vários minutos. Eles ficaram frenéticos quando o Pastor Dogão Meira, de 26 anos, abateu o seu opositor, segurando ele com uma chave de braço por apenas 10 segundos de luta.

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Depois da luta do “Extreme Fight”, lutadores e público fazem oração em igreja de São Paulo

Com a multidão ainda vibrando, o pastor Mazola Maffei, vestido em calças militares e camiseta, pegou o microfone. Maffei, que também é o treinador de luta de Meira, então deixou a multidão absorta com um sermão sobre a ligação entre esportes e espiritualidade. “Vocês precisam praticar mais o esporte da espiritualidade”, ele recomendou. “Vocês precisam lutar pelas suas vidas, pelos seus sonhos e ideais”.

A Renascer em Cristo está entre o crescente número de igrejas evangélicas no Brasil que estão encontrando maneiras de se conectar com pessoas mais jovens para aumentar suas fileiras. De noite de luta à música reggae, de videogames a tatuadores no local, as igrejas ajudaram a fazer o movimento evangélico o movimento espiritual que cresce mais rápido no Brasil.

Na noite do Extreme Fight, dezenas de jovens pairavam em volta da igreja. Na sala da frente, barracas vendiam cachorro-quente e pizza e jovens se alinhavam em um canto para fazer tatuagens com temas religiosos, como “Eu pertenço a Jesus”. Na sala principal, havia videogames, um DJ tocando uma mistura de hip-hop e funk, e uma tela de projeção mostrando um DVD do Harlem Globetrotters.

Apesar de a maioria ter vindo para o evento principal, o Extreme Fight, eles deixam-se ficar. Depois de quatro lutas e do sermão de Maffei, os membros formaram pares. Um colocou sua mão na testa do outro e falou de Jesus Cristo, o outro fechou bem os olhos.

O crescimento do movimento evangélico jovem visa brasileiros de todas as classes. Na igreja Bola de Neve, jovens profissionais se misturam a outros de famílias de renda mais baixa e problemáticos.

Pastores lideram um rebanho de mais de 2.500 membros nas noites de domingo estimulados por músicas de reggae e rock, com letras religiosas projetadas em uma enorme tela.

Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. (Hebreus 5 : 12)

A noticia completa encontra-se em:

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2009/09/15/ult574u9673.jhtm


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