Não obstante, Senhor , tu és nosso Pai, nós somos o barro e tu o nosso Oleiro, somos todos artefatos de tuas mãos. (Is 64,8) U ma realidade de vida, que certamente atinge a todas as pessoas, é o "desejo"de ser infalível. Isto mesmo, "infalível". Principalmente nesta vida de tantas oportunidades fáceis e supérfulas, onde somos levados pelo consumismo atraente, a nos abastecer de tantas facilidades que nos sentimos cada vez mais "auto-suficientes" ao ponto de não SER mais, mas TER muito, TER tudo, e mais um pouco... Sim, este "ter", em detrimento do "ser", está a cada etapa de nossas vidas, em nome da "modernidade" , acabando com o verdadeiro sentido da vida, e colocando diante de cada um, um deus da infalibilidade humana, um deus do materialismo, em cujo conteúdo não reside nenhuma essência de vida interior, de Alma que respira a própria identidade do efetivo SER. O lamentável é que este "ter" está carregado de egoísmo e individualismo e assim a pessoa cada vez mais, é absorvida literalmente pelo compulsivo desejo do "ter", e acaba estendendo esta fobia para o âmbito do humano: "ter um marido", "ter uma esposa", "ter filhos", "ter família", "ter uma igreja, uma escola. TER fé (fé em que ou em quem?), ter poder, ter mando, ter voz e vez...", enfim, ter...ter... ter... É tanto TER que deixa-se de lado o verdadeiro sentido de "SER (BOM/BOA) marido, esposa, filho, família". SER Igreja, ser comunidade, ser correto, ser fiel na Fé (consciente da verdadeira FÉ), ser liderante, ser prudente ao falar, SER indivíduo autêntico, com humildade e simplicidade. SER temente a Deus... Daí surgem palavras ou posturas como: arrogância, egoísmo (ou egocentrismo) , indiferença, insegurança.. .medo...descrenç a... falta de fé... Falta de auto-confianç a, auto-estima. Falta em síntese, o amor e a fé. Falta tudo: "o vazio da Alma" Diz-nos o poeta neste belíssimo hino: "Medo tens que o tentador te vá vencer? / Luz te falta e onde estás não podes ver? / Abre o coração e deixa Cristo entrar e o sol em ti raiar. / Deixa a luz do céu entrar, / Deixa o sol em ti nascer, / Abre o coração e deixa Cristo entrar / E o sol em ti nascer..." Pois é, nascem "medos" em nome do TER, nascem "certezas" em nome do SER Nascem a partir desta "luz" as certezas da Graça de Deus que em Sua imensa misericórdia, saberá, como grande Oleiro, nos remodelar em vaso belo e novo. SER um vaso útil e firme, sem TER rachaduras e trincas. Em outro hino, igualmente belo, diz o poeta: "Eu quero ser, Senhor amado, / Como um vaso na mão do oleiro. / quebra a minha vida e faze-a de novo. / Eu quero ser, eu quero ser um vaso novo." Deixar-se modelar pelo Deus que é nosso Oleiro, é reconhecer a razão da Cruz, é reconhecer o verdadeiro sentido do Cordeiro de Deus. Ressurreto, soberano Senhor, que por Seu Corpo e Sangue nos redime a cada Eucaristia. Ë caminhar na "LUZ" que nos guia sem que precisemos de "anteparos, escudos ou máscaras" que escondem nossa verdadeira imagem, nossa identidade autêntica e única: As máscaras de nossas vidas são uma constante do cotidiano. A "nudez" que Cristo sugere, é viver sem o uso de máscaras. Deixemos nossos corações receptivos para o Grande Oleiro operar milagres. | | |
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