Da conversão profunda para o consumismo superficial.
A conseqüência mais óbvia e imediata desse enfraquecimento do desejo de se buscar a verdade para o prazer obsessivo da experiência, dá-se no âmbito da conversão.
O compromisso último dessa clientela religiosa é com a satisfação da sua necessidade, seja ela de ordem material, espiritual ou emocional. Busca-se a igreja para consumir o que ela tem para oferecer, como se entra numa loja para comprar aquilo que se precisa e se vai embora sem se deixar afetar por nada que essa loja represente. Assim se comporta essa freguesia religiosa. Consome oração, mas não se dispõe a orar. Consome alegria, mas não se dispõe a construir a alegria do outro. Consome Jesus, mas não se quer comprometer com seu caminho. Consome-se tudo, mas não se abre para a conversão. Transforman-se realidades espirituais em objeto de consumo existencial.
Esta perspectiva consumista se contrapõe ao conceito bíblico de conversão. A conversão traz para a vida de quem é atingido por ela, não somente uma experiência, mais uma relação com Deus, consigo e com o outro capaz de estruturar a vida. A conversão cristã e as implicações dela decorrentes formam o alicerce do ser humano. Esta é pelo menos a perspectiva cristã a cerca da existência humana. Quem busca a conversão nesses termos, encontra a solidez de um encontro.
Neste consumismo religioso, os consumidores são guiados por uma necessidade de satisfação egoísta exatamente análoga à do consumismo pós-moderno. Por ser assim, correm o mesmo risco da apatia e da indiferença religiosa. No fundo, estamos presenciando um deslocamento que vai do sólido para o frágil do concreto para o fugaz.
No compasso de espera próprio de quem se encontra no centro desse processo cultural chamado pós-modernidade, por isso mesmo com todas as dificuldades de estabelecer um juízo crítico de valor, aguardamos apreensivos, essa constituição de novos sujeitos e coletividades onde se dá a celebração da fé cristã.
Conclusão.
Embora o impacto da Pós-Modernidade na liturgia cristã tenha proporcionado alguns bens, tais como a flexibilização inclusiva, a dinamização da comunicação da Palavra, a autonomia do sujeito e sua postura como quem precisa receber algo – e esses bens devem ser aceitos e cultivados – o impacto negativo, por vezes, eclipsa estes avanços e precisa ser rejeitado, não descartando os elementos positivos, antes, os incorporando a fim de viabilizar com melhor eficácia a comunicação do Evangelho.
Na lógica da funcionalidade e do consumismo a prática litúrgica cristã (sobretudo de traço neopentecostal e carismático) tem se mostrado como uma relação entre consumidores e empreendedores. O lado positivo é que os dois são sujeitos, o dado inaceitável é que o produto-objeto desta relação comercial seja o próprio Deus e suas coisas.
Acredito que nosso papel enquanto líderes é principalmente o de recrutarmos outros líderes para uma visão (A Missão Integral da Igreja), e muito menos para assumirem cargos ou posições, mesmo considerando que as funções burocráticas sempre corroboram para todo o processo. A preparação contínua e eficaz destes líderes é um princípio para a garantia de que o trabalho sobreviverá ao choque da mudança de liderança, que volta e meia ocorre, e de que continuará produzindo mais e mais frutos. Esta mudança de liderança, também prevê a oportunidade de se observar a versatilidade e fidelidade de Deus na continuidade de sua obra.
REFERÊNCIA
Rocha, A. Impacto da Pós-Modernidade Disponível em: http://www.horizonal.com.br/editora/index.php?option=com_content&view=article&id=63:impacto-das-pos-modernidade-na-liturgia-crista&catid=44:lideranca-e-teologia&Itemid=74> – Acessado em 23/06/2010.
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