Publicada em 05/10/2010 às 23h28m
Gerson Camarotti O Globo
BRASÍLIA - Punido pelo PT há um ano por condenar a legalização do aborto, o que o levou a mudar de partido, o deputado federal Luiz Bassuma (PV-BA) fez críticas à atual postura da candidata petista, Dilma Rousseff, ressaltando que a ex-ministra sempre foi favorável à descriminalização dessa prática. Candidato derrotado ao governo da Bahia pelo PV, Bassuma diz que é um casuísmo eleitoral a mudança de discurso de Dilma sobre o tema e defendeu o voto no tucano José Serra. (Leia também: Após perder voto de conservadores cristãos, Dilma volta a dizer que é a favor da vida)
- O PT fechou questão a favor da legalização do aborto, e Dilma sempre defendeu essa tese. Se o Congresso aprovar essa lei, Dilma vai dar o seu aval. Agora, o que acho estranho é mudar de posição por interesse eleitoral. O que Dilma fala agora contraria toda a sua vida. E ninguém muda de opinião do dia para a noite por uma questão filosófica. Então vale mentir? Ela tem que falar a verdade. Por isso, o meu voto é de Serra - disse Bassuma.
Mais tarde, no plenário, Bassuma provocou nova polêmica com petistas ao repetir esse discurso e criticar a defesa que o PT faz da descriminalização do aborto. Deputados petistas como Fátima Bezerra (RN), Vicentinho (PT-SP) e Domingos Dutra (MA) contestaram Bassuma. Dutra ainda criticou "o oportunismo" de Bassuma, que declarou voto a Serra no plenário.
- Fui solidário a ele no debate interno, mas é de um oportunismo infeliz ele trazer esse debate sobre o aborto neste momento - disse Domingos Dutra.
Dutra: suspensão foi por deputado ter atacado PT
De religião espírita, Bassuma foi punido com um ano de suspensão do exercício do mandato parlamentar pela Comissão Nacional de Ética do partido, em setembro de 2009. Isso por ter descumprido a resolução partidária aprovada em 2007, que, sobre a questão do aborto, continha o seguinte texto: "A defesa da autodeterminação das mulheres, da descriminalização do aborto e regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço público."
Na ocasião, a Secretaria de Mulheres do PT chegou a propor a expulsão de Bassuma do partido, mas ele só foi suspenso. Pelos mesmos motivos, o deputado Henrique Afonso (PT-AC) também recebeu uma suspensão de três meses. Na ocasião, ainda foi aprovada emenda da deputada Cida Diogo (PT-RJ) determinando que Bassuma retirasse de tramitação da Câmara todas as proposições que tratam da questão da defesa da vida.
" Ele foi suspenso por fazer campanha atacando o PT e deputados do partido que defendiam a descriminalização dessa prática "
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, rebateu as afirmações de Bassuma. Dutra disse que Bassuma foi suspenso por atacar publicamente a posição de petistas que defendiam a legalização do aborto.
- O Bassuma não foi suspenso por ser contra o aborto. Isso é mentira. Ele foi suspenso por fazer campanha atacando o PT e deputados do partido que defendiam a descriminalização dessa prática - disse Dutra.
Com a suspensão dos direitos políticos, Bassuma estava impedido de fazer discurso em nome do partido, de participar de comissões, proibido de votar em instâncias partidárias e na prática não conseguiria legenda para tentar a reeleição. Diante disso, mudou de partido e acompanhou a senadora Marina Silva (PV-AC). Ele estava no PT desde 1995, tendo sido vereador, deputado estadual e deputado federal por dois mandatos.
- Muitos deputados do PT defendem o direito à vida. Mas ficaram calados. Como eu fui contra publicamente ao aborto, eles tentaram me calar - lamenta Bassuma.
Gerson Camarotti O Globo
BRASÍLIA - Punido pelo PT há um ano por condenar a legalização do aborto, o que o levou a mudar de partido, o deputado federal Luiz Bassuma (PV-BA) fez críticas à atual postura da candidata petista, Dilma Rousseff, ressaltando que a ex-ministra sempre foi favorável à descriminalização dessa prática. Candidato derrotado ao governo da Bahia pelo PV, Bassuma diz que é um casuísmo eleitoral a mudança de discurso de Dilma sobre o tema e defendeu o voto no tucano José Serra. (Leia também: Após perder voto de conservadores cristãos, Dilma volta a dizer que é a favor da vida)
- O PT fechou questão a favor da legalização do aborto, e Dilma sempre defendeu essa tese. Se o Congresso aprovar essa lei, Dilma vai dar o seu aval. Agora, o que acho estranho é mudar de posição por interesse eleitoral. O que Dilma fala agora contraria toda a sua vida. E ninguém muda de opinião do dia para a noite por uma questão filosófica. Então vale mentir? Ela tem que falar a verdade. Por isso, o meu voto é de Serra - disse Bassuma.
Mais tarde, no plenário, Bassuma provocou nova polêmica com petistas ao repetir esse discurso e criticar a defesa que o PT faz da descriminalização do aborto. Deputados petistas como Fátima Bezerra (RN), Vicentinho (PT-SP) e Domingos Dutra (MA) contestaram Bassuma. Dutra ainda criticou "o oportunismo" de Bassuma, que declarou voto a Serra no plenário.
- Fui solidário a ele no debate interno, mas é de um oportunismo infeliz ele trazer esse debate sobre o aborto neste momento - disse Domingos Dutra.
Dutra: suspensão foi por deputado ter atacado PT
De religião espírita, Bassuma foi punido com um ano de suspensão do exercício do mandato parlamentar pela Comissão Nacional de Ética do partido, em setembro de 2009. Isso por ter descumprido a resolução partidária aprovada em 2007, que, sobre a questão do aborto, continha o seguinte texto: "A defesa da autodeterminação das mulheres, da descriminalização do aborto e regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço público."
Na ocasião, a Secretaria de Mulheres do PT chegou a propor a expulsão de Bassuma do partido, mas ele só foi suspenso. Pelos mesmos motivos, o deputado Henrique Afonso (PT-AC) também recebeu uma suspensão de três meses. Na ocasião, ainda foi aprovada emenda da deputada Cida Diogo (PT-RJ) determinando que Bassuma retirasse de tramitação da Câmara todas as proposições que tratam da questão da defesa da vida.
" Ele foi suspenso por fazer campanha atacando o PT e deputados do partido que defendiam a descriminalização dessa prática "
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, rebateu as afirmações de Bassuma. Dutra disse que Bassuma foi suspenso por atacar publicamente a posição de petistas que defendiam a legalização do aborto.
- O Bassuma não foi suspenso por ser contra o aborto. Isso é mentira. Ele foi suspenso por fazer campanha atacando o PT e deputados do partido que defendiam a descriminalização dessa prática - disse Dutra.
Com a suspensão dos direitos políticos, Bassuma estava impedido de fazer discurso em nome do partido, de participar de comissões, proibido de votar em instâncias partidárias e na prática não conseguiria legenda para tentar a reeleição. Diante disso, mudou de partido e acompanhou a senadora Marina Silva (PV-AC). Ele estava no PT desde 1995, tendo sido vereador, deputado estadual e deputado federal por dois mandatos.
- Muitos deputados do PT defendem o direito à vida. Mas ficaram calados. Como eu fui contra publicamente ao aborto, eles tentaram me calar - lamenta Bassuma.
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