Imagens |
No evangelho de Lucas, temos uma história peculiar
sobre uma parte da vida de Cristo, pouco explorada pelos demais
evangelhos.
Em seu capítulo 2 nos versículos 39 ao 52,
mostra-nos uma família, embora hoje saibamos que não se tratava de qualquer
família, porém, representa uma família humilde de uma sociedade religiosa; Com
todos daquela região, Maria e José respeitavam e seguiam os costumes da
sociedade que estavam inseridos, mesmo ambos sendo guardiões de um segredo que
diria respeito de toda a humanidade, seguiam os costumes regidos pela Palavra
de Deus, como qualquer família israelense (Lc 2: 39).
De forma notável, Maria e José foram figuras
importantes na formação da personalidade do Menino de Nazaré, embora sendo o
Messias, Deus colocou este casal de servos junto com o seu unigênito para
mostrar ao mundo como os pais devem educar seus filhos, sendo exemplos vivos
para eles, fazendo mais que falando. Os pais são importantíssimos na vida dos
filhos, enquanto esses pais forem obedientes as determinações Divinas, poderão
ver seus filhos, assim como José e Maria quando viram Jesus: se fortalecendo e
se enchendo de sabedoria, fazendo com que o favor de Deus o
cobrisse e permanecesse sobre sua vida (Lc 2:40);
Diante da vida paulatina dos pais, Jesus
começa a seguir sua rotina, e como era de costume, é levado para Jerusalém aos
doze anos de idade; Seus pais saíram de Jerusalém, porém Jesus permaneceu lá.
José e Maria não se preocuparam, a princípio, com a ausência de Jesus, pois
este era-lhes obediente (vv. 51), seguiram assim seu caminho até chegar ao
acampamento onde estavam, e quando perceberam que Cristo não estava entre os
parentes, retornaram a viajem de um dia para procurá-lo na Cidade Santa. Cristo
estava em Jerusalém cuidando da obra de seu Pai, não José, seu tutor legal,
especialmente escolhido por Deus como esposo de Maria, mas a obra que Jesus
realizava, era a missão do único Deus vivo e verdadeiro (Lc 2: 41~49).
Durante sua estada na cidade santa, Jesus não fez
outra coisa a não ser falar de Deus e de suas obras, dialogando com os mestres
da Lei sobre as Escrituras, admirando a todos com o seu conhecimento que
possuía, mesmo sendo uma criança, filho de um simples carpinteiro (Lc 2:
46~47);
Jesus tinha apenas 12 anos, mas já possuía um
segredo com Deus; Assim como Samuel, nazireu, juíz e Profeta, bem como José,
filho obediente, Sonhador das promessas e Governador do Egito. Esse segredo que
Jesus possuía o impulsionava a buscar um meio que pudesse ouvir a voz do seu
Senhor, e também preferir seus decretos. Todos temos nossos segredos com Deus.
como é que estamos agindo diante do que sabemos possuir do Eterno Deus?
Maria, mãe de Jesus Cristo, ao encontrar seu filho,
embora soubesse que era uma criança especial no mundo, o tratou com todo
cuidado e zelo que uma mãe possui, porém quando o indagou do porque de
sua forma de agir, desaparecendo sem deixar vestígio, sem avisar a seus pais
onde estava e o que estava fazendo, permanecendo em Jerusalém ao invés de
acompanhá-los. Jesus respondeu, clara e diretamente que importava era o seu
assunto inadiável (Lc 2: 48~49), o mesmo que sua mãe recebeu do Anjo Gabriel,
quando houve a anunciação (Lc 1: 32), o mesmo assunto que seu tutor terreno,
José da Tribo de Judá, recebeu do mesmo mensageiro Divino, quando pensou proteger
Maria e abandoná-la quando soube de sua gravidez (Mt 1: 18~25);
Maria, surpresa por ter todo aquele segredo
revelado por seu filho, que talvez o julgasse inocente sobre tudo isso, apesar
de tudo, era uma criança! mas agora, o messias revela sua identidade conhecida
por sua mãe e seu pai, deixando-os admirados com sua sabedoria, sendo ouvido e
interrogado por doutores da Lei, a elite da sociedade judaica, que admirados
com a inteligência daquele garoto, também por suas respostas. Seus pais,
orgulhosos, admirados, não hesitaram de tratá-lo como seu filho, seu querido e
amado Jesus, presente do Espírito Santo à Maria e a José, que agora viam seu
garotinho se preparando para ser o presente de Deus para o mundo, Guardava tudo
no coração, à exemplo de Jacó, que diante dos sonhos de seu filho caçula José,
guardava tudo que contava sobre seus sonhos no coração (Gn 37:11), ou quem sabe
ainda à semelhança de Eli, sacerdote e tutor de Samuel, quando viu o menino
escutando a voz do Senhor, (I Sm 3:8) , entendeu que chegara o momento do
Eterno manifestar ao garoto, tudo que ele precisaria saber sobre sua vocação e
sua chamada. Maria guardou no coração, considerou tudo, a anunciação, a
justificativa do anjo á seu esposo José, o filho de Isabel pulando, cheio de
Deus, por sentir o ungido prometido e o desejado das nações (Lc 2: 50~51). O
casal a princípio, não entendeu a resposta de Jesus, mas diante de todos os
mistérios ali revelados, considerou Maria tudo em seu coração. Jesus continuava
crescendo em graça e virtude diante de Deus e dos Homens, e só depois de
dezoito anos deste ocorrido, é que se ouve falar do Homem Jesus, Cordeiro de
Deus que tira o pecado do Mundo.
É importante que nos atemos a esta lição deixada no
Evangelho e Lucas, quando trata não apenas do menino Jesus, mas da família
sagrada; Maria possuía seu segredo com Deus, José participou deste plano
Divino, servindo de amparo à sua esposa, e pai adotivo dAquele que seria o
Salvador da humanidade. Cristo demonstrou traços de consciência sobre sua
missão e chamado, realizando desde sua adolescência a vontade de seu Pai, o seu
Todo Poderoso Pai. Não podemos com nossos cuidados interferir nos planos
Divinos. Deus traça um plano para cada criatura, e é bom saber que este plano é
pessoal e intransferível;
Maria, José, Jesus são os exemplos que vimos aqui
nesta passagem do evangelho. Acreditamos que Maria não esperava que seu filho
morresse quando soube que este seria salvador do mundo, ela o criou para que
Ele fosse o Messias coroado, como todo judeu esperava que fosse o Messias (Lc
2: 38), Cristo fora-lhe obediente (Lc 2: 51), porém não poderia atender o
pedido da mãe de não se sacrificar em nosso lugar, pois este era o desejo,
plano e objetivo seu e do seu Pai, o Todo Poderoso Deus. Ele se entregou, mesmo
sabendo que partiria o coração da Bem Aventurada, pois importava que cumprisse
a vontade de Deus!
José não se importou mais com sua fama após receber
Maria grávida, muito menos em ter que cuidar de um filho que não era dele;
porém, á imagem de seu criador que nasceria de sua esposa, ele serviu como guia
e protetor nos momentos mais necessários da vida do Salvador, era com ele que
Deus falava quando o perigo era eminente ou passado (Lc 2: 13~23), era através
de José que Cristo Cumpriu suas prerrogativas de Messias, como ser da Tribo de
Judá (Mt 1: 3~16), nascido em Belém (Lc 2: 1~7; Mt 2: 1~6), chamado para
o Egito (Lc 2: 13~15), e chamado Nazareno (Lc 2: 22~23).
Jesus Crescia em Graça e estatura, em sabedoria e inteligência,
diante de Deus e dos Homens (Lc 2: 40, 52), sua personalidade era magnífica,
influente e totalmente cativante. Antes de iniciar seu ministério público,
Cristo já demonstrava isto, era admirado pelos homens sábios de Israel, tinha
de tudo para tornar-se um mestre da Lei e ser da elite social Judaica, mas o
simples filho do carpinteiro, preferiu a carreira que o eterno lhe traçou,
mesmo em aflição, preferia que se cumprisse a vontade de Deus e não a sua (Lc
22: 39~44).
Hoje somos frutos da obediência irrestrita destes
que foram obedientes, até em perigo de morte, e ameaças, mesmo sofrendo o ônus,
vergonha e humilhação, preferiram seguir a trilha que Deus abriu para eles,
vencendo o Diabo e o sistema mundano (Ap 12: 11). Nossos segredos com Deus
possuem uma finalidade maior que possamos enxergar. Cristo é a exceção, pois é
o Cordeiro morto, antes da fundação do mundo (Ap 13:8), mas nós temos que crer,
confiar e esperar no Senhor, que é galardoador de todos aqueles que nEle
espera.
Porque
desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos
se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera. (Isaías
64:4)
Comments